O cenário de negócios contábeis no Brasil é promissor, porém complexo. Não há mais espaço para iniciativas pouco profissionais.
Temos um ambiente tributário e trabalhista hostil. Criar e manter uma empresa – ou mesmo organização sem fins lucrativos no Brasil – é um desafio hercúleo, pois estamos sujeitos à gigantesca burocracia tributária, com 54 normas do gênero publicadas diariamente, 11 milhões de combinações de cálculos em impostos e 105 mil alíquotas só no Simples, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Não é sem motivos que o próprio Ministério da Fazenda reconheceu o grave problema em um relatório de 2008 sobre a reforma tributária, segundo o qual o nosso modelo tributário “implica altos custos burocráticos para as empresas apurarem e pagarem seus impostos, além de um enorme contencioso com os fiscos. Não é por acaso que um estudo do Banco Mundial aponta o Brasil como recordista no mundo em tempo despendido pelas empresas para cumprimento das obrigações tributárias.”
Na área trabalhista há também grandes dificuldades. O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro João Oreste Dalazen, foi enfático ao afirmar que a nossa legislação trabalhista é cheia de lacunas, excessivamente detalhista e confusa, o que “gera insegurança jurídica e, inevitavelmente, descumprimento”.
Não é à toa, também, que o Brasil ostenta o título de campeão mundial de processos trabalhistas, com mais de 2 milhões por ano. Esse volume de disputas consome R$ 12 bilhões anuais para mantermos a Justiça Trabalhista.
Para completar a análise do mercado, temos ainda a introdução gradual das tecnologias tributárias, que ganha velocidade com a criação do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) a partir da metade da primeira década do século 21.
Com o advento do Sped, a administração pública quer saber como são feitas nossas compras – de quem compramos, quanto compramos e pagamos, quais os itens e quantidades e os tributos envolvidos.
Mais do que isso: quer controlar também como vendemos, para quem, por qual valor, quantidades e impostos. Ao mesmo tempo, pede informações detalhadas sobre estoques, item a item, quantidades e valores. As empresas são obrigadas a informar pagamentos, recebimentos, custos, folha de pagamentos e a memória de cálculo da apuração de cada tributo.
O governo recebe esses dados em arquivos digitais padronizados, com validade jurídica, compondo uma verdadeira sopa de letrinhas: EFD-ICMS/IPI, EFD-Contribuições, ECD, ECF (que não é o ECF do Cupom Fiscal), NF-e, NFS-e, NFC-e, MDF-e, CT-e, entre outros.
As informações destes arquivos dependem de uma boa administração empresarial. Sem gestão e controle de compras, vendas, produção, estoques e RH não é possível nem pensar em Sped.
Mais ainda, é imprescindível o uso de sistemas informatizados para apoio à gestão. Sem esses recursos, o custo e o risco de gerenciar tais informações tornam-se impraticáveis. A relação entre empresas e escritórios contábeis que as atendem, por sua vez, precisa de agilidade e confiabilidade, que também só podem ser garantidas por meio do uso de tecnologia da informação.
Assim, há oportunidades claras para inovação em serviços e processos que integrem as informações empresariais, contábeis, fiscais e trabalhistas, além de soluções que apoiem as empresas na busca da excelência gerencial.
Dado todo este panorama, imagine uma organização contábil que atenda qualquer tipo de cliente. O custo detreinamento de seus funcionários será infinito. Entender a legislação tributária e trabalhista de todos os setores econômicos, em todos os regimes tributários, é uma tarefa cara e que precisa ser atualizada periodicamente.
Imagine ainda que este escritório digite toda a movimentação financeira, contábil e fiscal de seus clientes! Quanto desperdício de tempo e quanto risco há neste processo manual?
Mesmo que ele resolva integrar seus sistemas aos dos clientes, o custo do desenvolvimento e da manutenção destas conexões não é pequeno. Assim, a cada novo cliente que este escritório busca atender será gerada uma receita marginal pequena e um custo marginal enorme.
Por isso, uma empresa contábil sem rigorosos processos organizacionais definidos e controlados, e sem uma boaestratégia para criação de modelos de negócios adequados a cada nicho de mercado atendido, torna-se o pior negócio do Brasil. Não atende bem os clientes, nem gera retorno aos sócios, e cria grandes riscos para ambos.
Por outro lado, quando o empresário contábil se esforça para aprender técnicas de administração e planejamento, ele produz modelos de negócios que maximizam o atendimento e as receitas, racionalizam os custos e os riscos.
A partir do uso intensivo de tecnologia é possível inovar em serviços e processos. Isso cria um ciclo virtuoso, gerando fidelização de clientes, valorização dos serviços contábeis e criação de novos negócios.
É justamente esta a proposta da franquia NTW: agregar valor aos escritórios ajudando-os a vencer os desafios inerentes ao empreendedorismo. Ou seja, ao compartilhar estratégias e melhores práticas de mercado, o risco do negócio cai drasticamente.
Em outro aspecto, o Brasil harmonizou, já há algum tempo, suas normas contábeis com o padrão global, por meio da tão falada convergência ao International Financial Reporting Standarts (IFRS), conjunto de regras emitido pelo International Accounting Standards Board (IASB). A Lei nº 11.638, publicada em 28 de dezembro de 2007, foi um grande marco neste processo.
A partir de então, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), criado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em 2005, tornou-se responsável pela tradução e ajustes das normas do IASB, adaptando-as, quando necessário, à realidade brasileira.
Da mesma forma, a adoção de metodologias globais que levem à excelência na gestão é fator imprescindível à sustentabilidade das organizações contábeis, seja qual for sua natureza ou porte.
Planejamento estratégico e mercadológico, modelagem de negócios, gestão de relacionamento com os clientes, custeio baseado em atividades, marketing digital, gestão de recursos humanos e inovação em processos e serviços são algumas das principais atividades exigidas neste novo modelo.
Por isso, a NTW procura levar aos seus franqueados as melhores práticas de gestão do mundo, adequadas ao setor contábil. Dentre elas, Business Model Generation (Canvas), Design Thinking, Balanced Scorecard (BSC), Customer Relationship Management (CRM), Net Promoter Score (NPS), Guestology, Solution Selling, Social Media Marketing e Activity-Based Management (ABM).
Há ainda outro aspecto de alta relevância. Muita gente não sabe, mas franchising é uma estratégia de negócios baseada em um sistema de venda de licença na qual o franqueador cede ao franqueado o direito de uso da sua marca, patente, infraestrutura, know-how e distribuição de produtos ou serviços.
Este modelo, como hoje o conhecemos, surgiu nos Estados Unidos em 1862, com a empresa I.M. Singer & Co., fabricante de máquinas de costura. Hoje, 80 das 100 maiores redes de franquias do mundo têm sede nos Estados Unidos. Os primeiros da lista são conhecidos da maioria dos brasileiros: Subway, MacDonald’s, KFC, Burger King, 7 Eleven, Hertz e Pizza Hut lideram o ranking global.
Mas figura no TOP 100 uma empresa diferente: a canadense Liberty Tax Service, que ocupa a posição 61. Criada em 1997, conta com mais de 4,5 mil unidades nos USA e Canadá, oferecendo serviços tributários e contábeis, inclusive um sistema em nuvem para pequenas empresas.
Há ainda nos Estados Unidos 13 redes de franquias ofertando serviços contábeis, tributários, financeiros e processamento de folha de pagamentos, segundo dados da International Franchising Association.
A Liberty Tax oferece, no mercado americano, serviços tributários para pessoas físicas e pequenas empresas, por meio dos seus 4,5 mil escritórios. Mas completa essa oferta com canais eletrônicos para atendimento tanto às pessoas físicas quanto jurídicas. Além disto, disponibiliza sistemas em nuvem para gestão empresarial. Ou seja, é um modelo bem abrangente de atuação.
Outras gigantes no mercado norte-americano já desembarcaram aqui no Brasil. Uma delas é a HR Block, franqueadora de serviços tributários que processa uma em cada seis declarações de imposto de renda nos Estados Unidos.
Tem ainda a Paychecx, que processa a folha de pagamentos de 590 mil empresas naquele país, mas que atua também no setor contábil e tributário, e iniciou sua operação no Brasil mirando exclusivamente os serviços de folha de pagamentos.
Enfim, o mercado brasileiro já está inserido no contexto global. Este movimento tende a tomar velocidade. E, justamente por isso, a NTW tem em seus planos estratégicos preparar suas unidades para competir com estrangeiros. E não tenham dúvidas que essa competição não se dará somente em solo brasileiro.
*Roberto Dias Duarte é sócio e presidente do Conselho de Administraçãoda NTW Franquia Contábil.